Segundo Podolsky (1954), todos os médicos que tratam de indivíduos com distúrbios cardiovasculares dizem da importância que os fatores emocionais têm sobre estes problemas.
No artigo sob título "Effectes of Music on Respiration - and Heart Rate" que consta do livro Music Therapy, editado pelo médico Dr. Edward Podolsky (1954, p.155), e escrito por Douglas S. Ellis e Gilbert Brighouse, diz que os fatores que mais agravam o processo patológico cardíaco são a depressão e a ansiedade, os quais podem provocar palpitações, dores severas e espasmos no músculo cardíaco.
Várias autoridades médicas têm atribuído, também, diferentes graus de importância aos fatores responsáveis pela trombose coronária, mas poucos são os que dão importância ao stress emocional. Momentos de stress são comuns na vida de todos nós. Em pessoas cujo coração trabalha normalmente, a "maré alta" emocional encontra uma válvula de
, e a pressão normaliza-se logo.
Aparentemente, o indivíduo hipertenso não dispõe dessas condições para enfrentar o problema com naturalidade e calma. Parece que física e mentalmente ele é incapaz de se conceder qualquer alívio, uma vez que tem uma capacidade de desenvolver e manter a cólera, associada ao medo de expressá-la; esforça-se para conter a onda emocional em vez de liberá-la, e com isso faz a sua vasoconstrição periférica aumentar, mantendo, dessa forma, a pressão alta.
Tem sido constatado que o coração submetido à influência de emoções, de caráter grave, poderá sofrer sérios danos, e se essas emoções tornarem-se habituais, poderão provocar uma mudança estrutural do órgão cardíaco. De início, os distúrbios cardiovasculares serão funcionais, porém, com o tempo, passarão a ser orgânicos. O nervosismo e os estados emocionais intensos, a astenia neurocirculatória e toda a vasta enumeração das neuroses cardíacas repercutem, em geral, no aparelho circulatório.
Durante períodos de compulsão, o coração pode funcionar de maneira diversa, isto é, com arritmia, diminuição de força contrátil e variações de seus rendimentos, apresentando, ao indivíduo, uma dispnéia como se respirasse somente com as partes superiores do tórax. Quando certos conflitos emocionais são desencadeados surge a taquicardia paroxística e a fibrilação auricular.
Para evitar a doença funcional do coração causada pelo stress emocional, o indivíduo precisa guardar a calma, e aprender a relaxar e liberar as emoções. Entre os métodos recomendados para este fim, a música, quando bem escolhida, está entre os melhores.
Durante muitos anos, fisiologistas têm avaliado os efeitos da música sobre o coração. O Dr. Schonauer (1935) constatou que o estímulo sonoro musical é capaz de produzir diversas reações circulatórias e respiratória, como, por exemplo: se a música inspirava prazer, havia retardamento do pulso, e se provocava lembranças de estados penosos, o pulso se acelerava. Com a repetição das excitações sonoras, o ouvinte se adaptava a elas e as reações tendiam a diminuir cada vez mais.
Em 1929, o Dr. Swale Vincent e J. H. Thompson e, em 1936, os Drs. J. R. Miles e C. R. Tilly e A. Wascho chegaram ao mesmo resultado já obtidos por antecessores - música suave faz a pressão cair ( o que é indicado para quem tem pressão alta).
Em 1946, o Dr. Lloyd F. Sunderman fez uma pesquisa sobre a ação da música na pressão arterial, tendo separado, para o seu estudo, 248 mulheres ( de uma amostra de 594), as quais tinham feito considerável trabalho em música. O restante da amostra (247), que não tinha estudado música, serviu como grupo de controle. O resultado demonstrou que as musicistas, na sua totalidade, tendiam a ter uma pressão arterial mais baixa, demonstrando assim, serem pessoas com mais condições de relaxação em suas vidas.
Clotilde Espínola Leining
A música e a ciência se encontram